Por que as empresas precisam das ONGs?

By Kaptha | 19 de January de 2021

Nas democracias modernas, as organizações sem fins lucrativos criadas por cidadãos independentes complementam o papel social das companhias privadas

 

O Brasil tem, segundo o IBGE, pelo menos 237 mil organizações não governamentais, famosas ONGs. Mesmo com esse número expressivo, muita gente ainda não entende exatamente que espaço essas entidades sem fins lucrativos ocupam na sociedade. Afinal, o que são e para que servem as ONGs?

Apesar de haver registros milenares da prática de se associar para tentar resolver problemas de forma conjunta, a encarnação moderna das ONGs surgiu entre os  anos 1970 e 1980, com o desenvolvimento da sociedade capitalista e democrática ocidental. Uma ONG nada mais é que uma associação independente de pessoas com um objetivo comum, como os clubes esportivos ou grupos de colecionadores de carros. A sigla da expressão “organização não-governamental” nasce no contexto do pós-Segunda Guerra, mesma época da criação da ONU, quando o mundo consolidou a existência de entidades que não faziam parte nem do estado nem do mercado.

A maioria das ONGs são associações 100% brasileiras, criadas por cidadãos brasileiros para resolver problemas brasileiros. Por aqui, o termo acabou ficando muito ligado à organizações que davam suporte aos movimentos sociais, sendo popularizado durante e após a Conferência Rio 92 sobre meio ambiente. Assim, não é coincidência o termo ter ficado tão associado primeiramente à causa ambiental. No entanto, apesar desse senso comum, as ONGs dedicadas a essa causa não são maioria no país. Pelo contrário, segundo dados do Prêmio Melhores ONGs, elas são menos de 1% do total. A grande maioria das ONGs são associações para cuidar de saúde, educação e direitos da infância. Muitas ONGs cuidam de hospitais ou entidades educativas. Uma boa parcela das ONGs tem origem em grupos de boa ação religiosa.

Mas, vamos voltar à pergunta que dá título a esse artigo: o que elas têm a ver com as empresas? Tudo. Nas sociedades onde existem ONGs organizadas, que defendem os interesses das pessoas sem fins lucrativos, as empresas têm mais liberdade de atuação. Ou seja, a existência das ONGs é boa para o mundo privado, porque elas se complementam. Uma depende da outra para existir. Não por acaso, o terceiro setor é mais bem desenvolvido nas grandes economias capitalistas, como os Estados Unidos e a Europa Ocidental. Nesses países, onde a filantropia tem uma tradição mais forte, as pessoas demonstram generosidade doando para causas que tenham a ver com elas — e é essa cultura que sustenta o terceiro setor.

“Quando pensamos na origem das ONGs é comum fazermos associações com a sociedade como um todo e também com o Estado, com essas organizações dando conta do que ele não consegue e articulando vozes que estão dispersas para levantar as suas causas. Mas a relação delas com as empresas também é relevante”, afirma o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fernando do Amaral Nogueira, que fez seu doutorado sobre o assunto. Segundo ele, na medida em que as empresas ganham cada vez mais importância na vida pública moderna, prestando todo tipo de serviço, até mesmo em nome dos estados, é natural que as ONGs tenham ainda mais a ver com elas. “Além da parte importante, de fiscalização, que as empresas não gostam tanto, elas também são parceiras para propor outros caminhos e soluções”, explica.

 

FONTE: Exame Invest

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